quinta-feira, 30 de junho de 2011

senhora

por todas as evidências (de i am...sasha fierce a 'run the world (girls)') não estava à espera de que 4 fosse um disco tão bom. e isso deixa-me feliz. já 'lay it on me' da kelly é uma malha genérica na linha de coisas como 'lose control' ou 'what's my name'. bastante superior à primeira, mas sem grande utilidade para além de uma certa funcionalidade prazenteira. deitando por terra esta minha hipótese. por agora.

conto deixar aqui amanhã o "balanço" deste segundo trimestre. recap.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

apanhar

celebração do 10º aniversário da clean feed em forma de review colectiva. atirei-me ao discreto concentric.

não havendo nenhum momento tão marcante como 'invisible college' (analogia etérea para as férias), a estreia de gatto fritto reserva, ainda assim, momentos mais do que suficientes para que seja uma constante ao longo destes dias quentes. e se escape para o outono/inverno com elegância. international feel tem-se vindo a tornar uma daquelas editoras a seguir com atenção.

terça-feira, 21 de junho de 2011

inteligência

numa breve conversa com o pedro sousa, motivada pela 'worcester', em torno do esgotamento da IDM e de como o druqks foi um disco refém do seu próprio virtuosismo técnico (comigo a defender a ideia de que era a via para o esvaziamento emocional), acabei por concluir novamente que são, hoje, os anos de ouro da warp (93-98) aqueles a que regresso com mais frequência no campo minado da electrónica mais cerebral (so to speak). o valor residual intrínseco a um período de descoberta marcado por noções sensitivas mais presentes do que a elevada carga processual que editoras como a mille plateaux, a ~scape ou a staubgold incentivavam no seu período mais entusiasmante (98-03). coincidindo com uma warp em piloto automático, em torno de derivações no eixo afx/autechre/boc. só para deixar aqui uma lista, pouco exaustiva e em ordem cronológica, dos melhores momentos da editora britânica. limpar o pó às batidas :

lfo - frequencies - 1991
black dog - bytes - 1993
sabres of paradise - haunted dancehall - 1994
aphex twin - selected ambient works II - 1994
autechre - tri repetae ++ - 1995
b12- time tourist - 1996
aphex twin - richard d. james album - 1996
broadcast - work and non work - 1997
squarepusher - music is rotted one note - 1998
boards of canada - music has the right to children - 1998
autechre - confield - 2001
boards of canada - geogaddi - 2002

^^assim de cabeça. e sem muita paciência para pesquisa no catálogo.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

público

não faço ideia se o wiley estará minimamente ciente do suposto reavivar do eskibeat, mas acaba por existir toda uma certa "justiça poética" quando a edição de 100% publishing coincide com o mesmo espaço temporal. não que existam quaisquer referências directas à rarefacção gélida de riddims primordiais como 'eskimo' ou 'ice rink', apesar de pairar sobre o disco um sentimento de continuidade para com playtime is over ou da 2nd phaze, mas depois do cul de sac estratégico em que ele se tinha encerrado, 100% publishing consegue (numa primeira audição) surpreender pela positiva. o que, neste caso, é pouco mais do que uma meia dúzia de canções mais-do-que-decentes, alinhadas com momentos embaraçosos. o suficiente para superar grimewave (nunca ouvi o race against time) sem ter nada tão essencial como 'if you're going out, i'm going out too'. ou o arrependimento por esta conclusão precipitada (?) por daqui a uma semana.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

festão

por norma, não uso este espaço para fazer publicidade, mas neste caso acho que até se justifica. de certo modo, esta festa acaba por ser uma extensão daquilo que vou postando por aqui, com o acréscimo de andarem também por lá mais uns gajos da casa. e duas óptimas bandas a abrilhantar a coisa. podendo...:



quarta-feira, 15 de junho de 2011

manhãs

uma vez que este blog acaba por passar por demasiados períodos de entorpecimento quando até poderia/deveria servir para um despejo mental mais regular, é provável que venham a aparecer com maior frequência pequenas notas e vídeos. por um lado poderá causar maior ruído, mas por outro sempre lhe confere algum tipo de dinâmica que pode até funcionar como reminder pessoal para uma ou outra coisa. tipo, pré-tumblr mas com o reconhecimento dessa existência.

esta manhã o galactic melt de com truise está-me a parecer bem melhor do que a impressão vaga que me deixou o cyanide sisters há um ano atrás. poderá ser por ter passado a noite embrenhado na miami vice collection do jan hammer, criando uma espécie de mindframe completamente permeável ao filtro da warp dos primeiros anos (com lapsos temporais até à nostalgia de music has the right for children), com aquela sensibilidade muito pós-moderna do agora. que é ao que isto me soa.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

mbdm

city of straw tinha sido um bom disco ('tar and pine' é quase clássica), mas future accidents é superior. é uma daquelas bandas que facilmente me leva à hipérbole, mas não ando longe da verdade quando digo que são a melhor banda do mundo.

cogumelo

quando pensava que já tinha dado mais do que suficiente para o peditório da west coast psychedelia, uma conversa com o felizardo em torno do no other do gene clark (o mais lindo e mal amado (na altura) dos documentos sobre a queda inevitável de um intangível la lifestyle) fez-me repescar algumas coisas que estavam entranhadas no meu cérebro sob uma aura loner que faz, hoje, muito mais sentido para mim do que o noodling eterno dos grateful dead ou kak (fico-me pela cena mais mellow destes) ou do technicolor de uns strawberry alarm clock e the west coast pop art experimental band*.

nesse mesmo contínuo temporal (e não geográfico), redescobrir o experiment in metaphysics do perry leopold sem o filtro psych que permeava tudo aquilo que ouvia há uns anos atrás (quando andava mais embrenhado nestas coisas) fez-me olhar para o disco de um modo mais objectivo como o pinnacle dessa noção meio difusa. que acabou por ter nesta descoberta vinda de detroit (por onde tinha andado este disco toda a minha vida?) mais um daqueles exemplos gloriosos de um estado mental que não sei bem clarificar, mas capaz de albergar sem grande pudor formal a 'golden hair', o oar, ou o david crosby mais contemplativo. só para regressar a la depois desta derivação inconsequente.

*cena subpar que amontoava filler derivativo em torno de 3 ou 4 canções entre o bom e o decente para fazer disso um disco. acho que os ingleses sempre se safaram melhor no que diz respeito à studio trickery como instrumento.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

notas para 'a new way to pay old debts'

o meu texto a a new way to pay old debts no bodyspace foi um dos exercícios de escrita mais desafiantes/gratificantes a que me propus. não só pelo peso incomensurável desse disco, como pelas noções do instrumento guitarra que foram sendo alvo de debate interno e que, pela sua dispersão, não poderiam ser incluídas na resenha. tal como tinha referido em fevereiro, deixo aqui algumas notas adjacentes ao original :

"Os miúdos sonham com ela ao ponto do air guitar ao som de “Wrathchild” causar acidentes domésticos mais ou menos graves"

^^ episódio caricato que teve como protagonistas os (ainda adolescentes) chris barnes e jack owen dos cannibal corpse e que serve na perfeição para ilustrar todo um entusiasmo febril. é também ponte para uma subtil mas obrigatória referência ao metal. curiosamente, para um género tão dado a acrobacias pelo instrumento, os dois nomes mais consensuais (iron maiden e metallica, claro) foram, em parte (era cliff burton), conduzidos até ao RIFF pelo baixo.

"Do fuzz primordial conquista o drone e os ecos de Loveless perduram até hoje em formas cada vez mais voláteis."

^^ que tanto se podem encontrar em toda a realidade subpar que se formou após endless summer ter-lhe dado novas coordenadas (quer a nível formal (processamento digital) quer de ressonância emocional), como no turbilhão de uns hototogisu, esticando a corda para um plano claramente mais abstracto e que faz do noise um poço inescapável. keiji haino como deus de tudo isto. sem falar numa descendência mais directa, e que hoje acho praticamente irrelevante.

"
Vitimada pelo reverb plastificado"

^^ existirá alguém com o mínimo de bom senso que possa de consciência tranquila elogiar o pat metheny depois de atrocidades como esta? e eu até tenho algum carinho difuso para com o reverb abusivo (80's memoir) de malhas como, sei lá, 'boys of summer' ou 'eyes without a face'. mais aí existe toda uma intangibilidade que é perpetuada nesse som. um contexto imagético, so to speak...

"
relembrar o seu uso num género tão “aberto” como o jazz é cingir a ideia a pouco mais do que Sonny Sharrock, Sonny Greenwhich e algum Fred Frith, confinada que está a um academismo de sofisticação bacoca"

^^ ou como a guitarra é o instrumento mais mal tratado de sempre no género. talvez o joe morris possa ser uma excepção a esta maleita, mas não sou conhecedor o suficiente para o poder afirmar com veemência. four improvisations é grande disco. deixei também, conscientemente, de lado o james 'blood' ulmer e o masayuki takaynagi : o primeiro por habitar num campo que foge demasiadas vezes ao género para se acercar de tonalidades mais bluesy/funk (apesar das ligações ao ornette, e de coisas tão boas como black rock); o segundo por me ser mais querido quando alimenta uma combustão mais própria do noise (e que teria eco nos hijokaidan, por exemplo) do que da high energy. sei também que existirão muitas coisas boas na obra do elliot sharp (disco com o christian marclay é um desses) mas, para todo o efeito, perdura no meu cérebro como um hit and miss que ainda não me dediquei a explorar.

"Son House, Mississipi Fred McDowell ou Lightnin' Hopkins que enformam grande parte dos avanços que o instrumento tem vindo a conhecer nos últimos anos."

^^ todo o rock passa por aqui, na verdade (como se isso não fosse já mais do que sabido). recuando para apanhar alguns guitar heroes, já o tommy iommi dizia que os black sabbath eram uma banda de blues negro (a cor, entenda-se. black blues só para pegar no haino novamente). peter green, é em toda a sua essência um bluesman.

"
Ekehard Ehlers reverente de A Life Without Fear"

^^ tratado de como a electrónica pode servir para perpetuar aquilo que nasce da pureza. é disco fascinante na sua capacidade de adaptar a metodologia de corte e colagem de algum glitch a um estado de alma ressonante para com toda a grittyness dessas gravações ancestrais.

"
à programação informática"

^^ constatar que é este o emprego do bill orcutt parece quase paradoxal para com aquilo que se ouve em a new way to pay old debts (ou até mesmo no escarcéu dos harry pussy.
in an emergency you can shit on a puerto rican whore é obrigatório).

"
Derek Bailey"

^^ é inevitável. sempre.

"
Cecil Taylor"

^^ o ataque percutivo às cordas só encontra paralelo nos momentos mais feéricos do cecil. o concerto dele com o tony oxley no ccb foi uma daquelas porradas inesquecíveis e irrepetíveis.

talvez venha a ser um work in progress. talvez não. algumas ideias dispersas, apenas.