quarta-feira, 27 de abril de 2011

identidade

não deixo de sentir uma certa pena por isto não ser dos ill blu. até porque na versão oficial existe uma voz feminina que não tem qualquer interesse. a inspiração no duo londrino é mais do que evidente, e é o dubplate que têm utilizado em sets recentes que faz dela o maior banger de 2011*, até agora (será difícil supera-la), com 'toilet blocker' no encalço. pelo que se lhes pode sempre agradecer o feito*. sem complacência.

*como se fossem necessárias mais razões para a reverência.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

circa

tenho andado a descurar discos mais far-out (para não entrar em espirais de catalogação) neste espaço. a ver se vou colmatando essa lacuna com algumas coisas que me têm deixado minimamente desperto nos últimos tempos. como duas fitas recentes no último batch da gift tapes que remexem no legado improvável que se tem vindo a sentir do john carpenter e dos sound effects do alan howarth de um modo menos gratuitamente reverencial e mais intrincado do que urban gothic do xander harris ou gatekeeper dispuseram:

survival de spare death icon assenta no minimalismo melódico de halloween/christine como via para a simulação de um não-acontecimento tenso, sem a necessidade do confronto directo com o medo. o terror subliminar sequenciado em torno de uma melodia dorsal (como foi também o efeito tubular bells) reflectido na pulsação de um beat que só vem adensar ainda mais o impacto desse mesmo vazio, sem escancarar para a faux-grandiosidade. música stalker que dispensa a criação de um setting adequado para se projectar em qualquer situação de apatia loner.

gecko dream level do matt carlson recria a library music electrónica dos anos 50, ora através dos filtros mais refractados da hanson/american tapes sem evocar a estética harsh destas em 'victory for the overlord' e 'matrix of contingencies', ora recorrendo a uma abstracção lúdica proto-idm de bird calls e esguichos sintéticos. monumental avacalhanço harmónico que faz obra final desse mesmo jogo de espelhos irresoluto. sem fazer disso um statement estilístico e ignorando o esforço formal que uma maior austeridade exige.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

fartar

partindo destas premissas, debrucei-me de modo mais incisivo sobre os discos do frank ocean e weeknd. não procurei que fosse conclusivo, antes (mais) uma think piece* sob a forma de crítica que cristalizasse de um modo, mais ou menos coerente, aquilo que é o "agora" de algo indefinível (para já). muito fumo por tão pouco, com uma certa pomposidade que seria desnecessária dada a mediania generalizada dos discos. uma tentativa de contextualização pessoal. perdoe-se o umbiguismo/pretensão de tudo isso, e estão lá montes de referências a tentar justificar o que escrevi.

*como se tal fosse necessário, depois deste texto do tom ewing.

em havendo boa vontade/tempo, até seria capaz de deixar aqui uma compilação com malhas de r'n'b que de algum modo se aproximassem da hazyness marca d'água dos weeknd. for y'all indie kids out there.

terça-feira, 12 de abril de 2011

alinhamentos

finalmente. horas de flow :

ill blu mistajam guest mix 08-02-11

ou como conseguir esta sucessão de bangers em menos de meia hora? essencial.

marcus nasty singalong special 30-03-11

durante estes meses o site da rinse andava sempre bastante periclitante. factor relevante para que tenha ouvido menos sets de gente como ill blu, funkystepz e, principalmente do marcus nasty. o programa de dia 23 de março teve um momento absolutamente incrível com o shantie e o rankin sobre a 'toilet blocker', mas o primeiro grande set deste ano é este assomo dedicado a malhas vocais. equilíbrio perfeito entre clássicos recentes ('give it up to me', 'you got that something', 'i feel') e novidades ('feel nice, feel right' e 'playground' são incríveis), nem precisa de recorrer a uma dinâmica bangers + diva anthems para se fazer valer. a selecção é argumento mais do que suficiente.

dj reflex funky vol. 6

com o silêncio a que se remeteu o faze, as funky mix's do reflex acabam por ser a via mais óbvia para o diletante com um mínimo de interesse na uk funky sem disposição para a rádio. keep up minimamente fidedigno sem desvios estilísticos. com o bónus de trazer também o óptimo female touch ep da miss fire, a torná-la ainda mais obrigatória.

ossie sonic router mix 73

'tarantula' começa a aparecer com frequência um pouco por todo o lado. nesta mix/entrevista para o sonic router, o ossie mostra uma faceta mais etérea/sonhadora que permite alinhar a deep-house com a uk funky mais subdued num espectro coerente. late night listenin' perfeito para este calor. ou finais de tarde com martini.

endless house foundation fact mix 223

synths, synths, synths. das revisões da dramatic records (casa mãe deste colectivo onde pontificam nomes como rasmus folk ou klaus pinter. endless house é peça fundamental) até à lauren spiegl, com passagens por amon duul II, caretaker ou pauline oliveros. décadas de electrónica sob a asa de um statement tão assertivo quanto intrigante.

blawan fact mix 230

os beats duros que foram imagem de marca em 'bohla' tomam as mais diversas direcções com vista ao lado mais físico da dança. sem cair no cabotinismo bovino do dubstep. antes uma súmula do ritmo primordial (em que o techno marca presença tutelar) em razias com um lado ácido que faz da TB-303 uma arma de arremesso.

russell haswell fact mix 236

john wiese, lasse marhaug, russell haswell. deixando de lado o kevin drumm pelas suas movimentações mais recentes (sheer hellish miasma é o melhor disco noise desta década. ditto) e o aaron dilloway por uma questão de conforto, são estes os nomes que mais interessam no mundo do ruído. em breve vou poder ouvir in it (immersive live salvage), mas tenho a certeza de que rende. ah, e esta mix tem lalo schifrin, autechre ou new order. seria notável, nem que fosse apenas pelo descaramento, mas existe mais. e a entrevista é para ler.

nuguzunguzu the perfetc lullaby


já a tinha mencionado anteriormente, mas aqui está de novo. não fosse ter escapado.

no caso de alguma delas já não se encontrar online (estou em crer que possa acontecer com as mix's da fact. não testei), podem sempre pedir-me pelo upload. posso também orientar algumas tracklists. que não postei para não deixar o post demasiado grande.

escritas em breve. algumas considerações brandas sobre a música pop e o modo como é ouvida, e a minha opinião sobre as estreias de weeknd e frank ocean.