quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

pré - 2012

como que a queimar os últimos cartuchos de um 2011 que todos parecem querer esquecer (nada contra, obv). último post do ano antes de começar a demanda pelas canções que interessam. blurbs espaçados (como em anos anteriores) a antecipar a lista das 10 canções que sai a 16 de janeiro no bodyspace.

reedições / compilações :

beach boys - the smile sessions
mark hollis - st
michael chapman - trainsong : guitar compositions 1967-2010
art of noise - who's afraid of the heart of noise?
sebadoh - bakesale
scritti politti - absolute
charlie nothing - outside/inside
r.e.m. - part lies, part heart, part truth, part garbage, 1982-2011
craig leon - nommos
queen - cinco primeiros álbuns

mix's :

nguzunguzu - perfect lullaby
benoit & sergio - xlr8r
raime - fact
photonz - fact
funkystepz - fader
ill blu - mistajam
andy j & s-tee - 1xtra
marcus nasty - singalong special
rp boo - discovery
dixon - live @ robert johnson

beijo(s)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

futuras compras

lista com alguns discos que por falta de tempo/paciência/oportunidade nunca cheguei a ouvir (ou com a devida atenção) mas dos quais devo gostar. ou um reminder público :

kuedo – severant
trouble – green light
roll the dice – into dust
boof – shh, dandelions at play
morphosis – what have we learned
nigga poison - simplicidadi
innercity – boy in forest trying to hotwire the earth
haunted house – blue ghost blues
young bleed - preserved
danny brown – xxx
charalambides – exile
don dietrich & bell hall – spitfire
tom trago - iris
damu - unity
fourth world magazine presents: the spectacle of light abductions
stare case – public vanity

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

compras #2

tal como o fiz no ano passado, deixo aqui uma lista mais exaustiva e ponderada do que a que entreguei ao cuidado do bodyspace. contam também ep's. de foram ficam as reedições e as mixes de download gratuito (entretanto). algumas oscilações e entradas abruptas nestes últimos dias. tudo passível de arrependimento, claro :

boy better know - tropical 2
virgo four - ressurection
manuel mota - untitled
bebetune$ - inhale c-4 $$$$
bill orcutt - how the thing sings
rangers - pan am stories
sei miguel & pedro gomes - turbina anthem
part wild horses mane on both sides - low fired clay escape
meek mill - dreamchasers
jhené aiko - sailing soul(s)

nikkyia - speakher
photonz - lamborghini funk
hype williams - kelly price w8 gain vol. II
kwjaz - st
beyoncé - 4
oneohtrix point never - replica
disma - toward the megalith
soul clap vs wolf & lamb - dj kicks!
dj quik - the book of david
trey songz - anticipation 2

ulcerate - the destroyer of all
king - the story ep
loren connors - red mars
krallice - diotima
kate bush - 50 words for snow
bridget hayden - a siren blares in an indifferent ocean
katy b - on a mission
legowelt - the teac life
kendrick lamar - section 80
mark e - stone breaker

sightings - future accidents
teedra moses - luxurious undergrind
innercity - backworld
hyetal - broadcast
schoolboy q - setbacks
dissy dirty money - lovelove vs hatelove
dawn richards - a tell tale heart
gatto fritto - st
trim - ghost writer vs autotune, vol 10
bj nilsen & stillupsteyppa - big shadow montana

panda bear - tomboy
juicy j & lex luger - rubbaband business 2
kwjaz & rangers - angel islands
goapele - break of dawn
arizmenda - without circumference nor center
miss fire - the female touch
lloyd - king of hearts
mithocondrion - parasignosis
shabazz palaces - black up
matt carlson - gecko dream levels

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

natal?

afinal só deixo a tal lista amanhã. pouca cabeça e muito gene clark. de qualquer das formas, toda a gente sabe que a melhor coisa que foi lançada este ano foram as smile sessions. e nem preciso de as ouvir para o saber. xmas wishlist #1, se isso interessar.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

balanços re:

foram publicadas ontem as listas do bodyspace. blurbs meus sobre pan am stories e one nation*. ainda hoje ou amanhã deixo aqui uma lista pessoal (ligeiramente) mais completa/pensada do que aquela que aparece aí. coisa relativa, e a preparar terreno para as habituais "menções honrosas" que preparam terreno para as canções do ano.

o mais provável é que venha a achar tudo isto idiota daqui a um tempo. siga.

*que nem não aparece na minha lista, por causa do pouco tempo que lhe tinha dedicado na altura de a entregar. como escrevi anteriormente, muita coisa teria de ficar de fora. é um bom disco, mesmo que não tenha nada tão impressionante como a 'rise up' ou a 'badmind'. ou seja : kelly price w8 gain vol. II > one nation.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

transmissões

review muito tardia ao broadcast de hyetal. um atraso justificado pelo facto de estar com as expectativas demasiado altas na altura em que saiu. não lhe dei grande atenção, mas é um disco com demasiado interesse para ser ignorado.

entretanto, já entreguei a minha lista de discos do ano para o bdyspace. muito apressada em sem grande cuidado (sei que deixei muita coisa de fora que, com tempo, se irá revelar bastante premente)*. como de costume, acabei por ser muito pouco relevante para lista final. sai na segunda feira.

*coisa que irá ser revista, na medida do possível, na lista que vou deixar aqui no blog para a semana.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

terrenos

de forma bastante sucinta (espero), destaco seis boas mixtapes vindas do r&b este ano. é aquele tipo de artigo que facilmente cai em digressões e num everlasting processo de correcções e ajustes. procurei manter a coisa estruturalmente simples. até porque o mais importante é que alguém se dê ao trabalho de as sacar. wake up call.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

fodismos

entrou ontem o artigo colectivo sobre o free jazz. duas escolhas minhas, entre um mundo de possibilidades. sem qualquer ordem nem aprumo, uma pequena lista de discos que mais do que foder estes ouvidos, os abriram para toda uma nova realidade :

frank lowe - black beings
charles gayle - repent
john butcher & phil durrant - secret measures
sonny sharrock - black woman
masayuki takaynagi & kaoru abe - mass projection
cecil taylor - unit structures
evan parker & keith rowe - dark rags
sun ra - atlantis
arthur doyle plus 4 - alabama feeling
pharoah sanders - karma
alice coltrane - journey to satchinananda
frank lowe & rashied ali - duo exchange
peter brötzmann sextet/quartet - nipples
john coltrane - concert in japan
albert ayler - live in greenwich village
don cherry - bown rice
shlippenbach trio - pakistani pomade
dave burell - echo
tony oxley - ichnos
anthony braxton - B-Xo/N-O-1-47a
parker/bailey/bennink - topography of the lungs

^^ sem repetir músicos no papel de líder (ou a lista seria infinita. tudo do coltrane, p.ex.). qualquer sugestão, será muito bem vinda...

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

gente grande

admirador confesso do manuel, encaro sempre a escrita sobre um disco dele como um acto tão apaixonado como exigente. daí que este texto tenha ficado tão denso, apesar de algumas tentativas brandas para tentar aligeirar a coisa. preocupações levianas perante a obra, talvez.

para a semana sai um artigo colectivo no bodyspace subordinado ao tema de "free jazz fodido". escolhi escrever os grandiosos the snake decides do evan parker e luna surface do alan silva. a ver se coisa não resvala para o caos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

sensibilidade?

muito provavelmente, não existe qualquer necessidade de mais um texto sobre o take care, mas toda a euforia colectiva em torno do disco está-me a deixar alguma vontade em ouvi-lo e (confirmando as baixas expectativas) deixar umas notas a refrear os ânimos (por muito parva que essa ideia seja. e é). para já, e conhecendo apenas a 'marvin's room' e a 'make me proud' o drake continua a ser tão inofensivo quanto aborrecido, incapaz de sacar um gancho que seja no meio de tanta vulnerabilidade ("i'm so i'm so i'm so" é o refrão? até a nicki sucumbe ao sonambulismo). sem alimentar um grande desprezo, acima de tudo sempre me deixou indiferente. provavelmente devia manter-me assim, mas eventualmente vou ouvir o disco. dar importância a pequenas coisas, certo?

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

planos

tal como tinha mencionado, investida saudável pelo burgo com disco que vai ser reeditado em breve. até ao final do mês haverão ainda textos a untitled e dias das cinzas do manuel mota e à fonte de aretusa. com tropical 2, exile, red mars, towards the megalith e um artigo a destacar algumas mixtapes r&b deste ano numa calha hipotética, prevêem-se dois meses de escrita regular, antes de chegar a euforia das listas.

acho que o felizardo era o gajo ideal para agarrar o how the thing sings.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

médios

apesar de deixar latente uma existência meramente aglutinadora, capitulando o continuum com recurso a tendências mais fortuitas como a juke ou o wonky sem fazer do uk/global/whateva bass uma bandeira, carrier do sully consegue superar alguns desses maneirismos pela obstinação cuidada no uso de uma ambiência geral (minimamente gradada) enquanto fio condutor. os burialismos* das duas primeiras malhas servem, desde logo, esse propósito que passa pela melancolia/alienação urbana que tem sido uma quase-regra, err, alienante. sobra um mínimo de ideias interessantes que sustém os temas o suficiente evitar que o álbum sucumba à auto-fagia do mood over matter**. o que o faz funcionar bem tanto no conforto do labor late-night como no regresso a casa pela cidade. antes de cair no esquecimento, e descartando o escapismo xaroposo (goth? ugh) de 'i know' ou 'bonafide', fica 'trust' como malha maior e o facto de samplar a melhor canção da rihanna em 'let you' como mais uma prova de que a reciclagem r&b se tornou norma no panorama pós-dubstep.

*será isto tão importante que esquecemos tudo o que ficou para trás?

**algo que dedication nem sempre contornou, num paralelo evidente.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

giros

texto meu (bem "lírico") sobre o pan am stories. que não só é um grande disco, como me pôs novamente (e de forma inusitada) a mergulhar profundamente na obra do todd rundgren. ainda não ouvi o runt (que foi "não citado" no 30 rock), mas do something / anything (personal fav) até ao hermit of mink hollow é tudo obrigatório (com excepções no initiation e (pelo conceito) no faithful). e o liars é uma maravilha surpreendente.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

garagem #2

apenas depois de deixar o post anterior me lembrei que 'i am' do trim também é uma malha enorme. acho que é altura de assumir, sem quaisquer preocupações contextuais, o papel fulcral da butterz no epicentro de qualquer manobra remotamente grimey. de entre as várias versões, e sem qualquer demérito da parte do trc, com uma produção onde uma batida proto-jungle rasteira sustenta as estaladas de sintetizador e permite até que um saxofone bem corny se intrometa com elegância, é novamente o preditah a elevar-se acima de todos os outros, através de uma profusão incandescente de linhas melódicas que vão entrando em confronto directo entre si, atingindo um ponto de equilíbrio mesmo antes de se dissolverem em nova cascata. continuamente.

seria óptimo ver o trim a enveredar com mais frequência nos quadros da butterz. wrap era, na sua maioria, uma merda.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

garagem

continuando na senda dos posts anteriores, 'boom' é a melhor coisa grime-related que ouvi este ano (que mais? 'boo you'*? 'pumpin' it out'**?). 'circles' já era bastante eficiente enquanto instrumental, mas reunia todas as condições para a riddimificação (a mesma sensação deixada por algo como 'green goblin'). a prestação do scruffizer vem confirmar essa mesma ideia. já as malhas do preditah na brilhante tropical 2 são de tal modo auto-suficientes que imaginá-las à mercê de uma armada de mc's me parece uma ideia desnecessária. não forçosamente má, até porque aguardei com alguma ansiedade uma versão vocalizada da primeira tropical, que nunca veio a existir (mesmo que hoje não veja muito bem qual o propósito disso).

*que acaba por estar mais próxima do revival(?) 2-step da remix da 'traktor' do que de algo descaradamente grimey.

**produzida pelo rapid. o que faz dela a melhor coisa vinda do camp da ruff sqwad em muito tempo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

piloto

ditou o acaso que estes dois últimos posts incidissem sobre o grime e a uk funky. algo curioso quando têm sidos raros os grandes momentos vindos desses géneros (algo que já vem de longe no primeiro caso).

a excepção absoluta é esta mix dos funkystepz* para a fader. que é, simplificando, a melhor coisa saída da uk funky que ouvi em muito, muito tempo. talvez por uma falta de atenção que pretendo colmatar calmamente ao longo da próxima semana. ou por um notório sonambulismo de um género que começa a dar sinais de cansaço/esgotamento criativo. excluindo alguns dos luminários do costume (foi este o banger absoluto que faltou ao verão. apesar da 'the way' continuar a colmatar qualquer falta nesse sentido de modo irrepreensível).

*ainda não ouvi o trouble na íntegra.

passadas

acabei de ouvir isto no facebook do roska. não sei se será o desencanto geral em torno da uk funky (mais sobre isso em breve) a potenciar um afastamento gradual do género que já era sugerido na remix para a 'pow', mas a opção por este grime saturado de percussão rasteira, e desprovido de linhas melódicas actuantes, só serve para acentuar o carácter dengoso da mz bratt. o que nem é assim tão criminoso quanto terminantemente aborrecido.

trupes

não fosse chegar com um atraso de 3 anos e 'this side' seria a continuação lógica da 'rsmd' (o que nos poupava a coisas como a 'champions'). se o tivesse sido, estaria em consonância com o breve flirt do rapid com a uk funky e deixava de existir um certo desconforto pela sensação de déjà vu (sp?) preguiçoso que a demora criou. mesmo que não tenha havido nada de recente vindo do grime (tropical 2 à parte, obviamente. e é uma ligação algo remota) que sirva para colmatar essa ausência. ainda assim, muito pouco tendo em conta o tempo que passou desde 'walking u home'.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

3/4

then again, discos e canções. a antever um final glorioso :

discos :

rangers - pan am stories
manuel mota - untitled / dias das cinzas
na'tee - guess who's coming to dinner
bill orcutt - how the thing sings
boy better know - tropical 2
loren connors - red mars
absu - abzu
nikkyia - speakher
david maranha & gabriel ferrandini - a fonte de aretusa
fat trel - no secrets
disma - toward the megalith
epheles - je suis autrefois
quicksails - silver balloons in clusters
innercity / cruise family - h.e.a.d.
danny brown - xxx
halloween - árvore kriminal
eric copeland - waco taco combo
legowelt - the teac life

canções :

keke palmer - make him love me
ne yo ft. trey songz & t-pain - the way you move
vaski - spaceman (dillon francis rmx)
lil mo ft. tweet - i love me
argy - wish you where here (vocal mix)
champion & ruby lee ryder - sensivity
aidonia - galis laws
vybz kartel - put it on hard
ben westbeech - something for the weekend (lee foss & robert james spirit rmx)
royal t - cool down
todd edwards - if you wantLinkapplebim - moonlight
melanie fiona - 4am
absu - earth ripper

misc.:

james ferraro - fact mix
royal t - fact mix

^^um notório decréscimo quantitativo de apontamentos em relação aos trimestres anteriores. vicissitudes do calor e da preguiça. espero regressar a um ritmo mais steady de escrita nas próximas semanas (sem promessas, conto deixar ainda esta semana uma review muito querida no bodyspace).

dez dez

celebração dos dez anos da dfa com dez discos mais ou menos marcantes. i've got my eye on you não ficará para a história da editora como um clássico, mas merece toda e qualquer reverência. até porque o andré teve tomates para agarrar no beaches & canyons. tarefa entre o hercúleo e impossível. para mim. pelo espaço. pela falta de palavras dignas.

atrasei-me no balanço trimestral. não passa de hoje.

(conto também regressar de modo mais actuante à escrita ao longo deste mês. com destaque para algumas pérolas aqui do burgo)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

conversas

ausência prolongada por força de um out.fest tão trabalhoso quanto gratificante. ainda a apanhar os fogachos, aqui estão as minhas entrevistas a part wild horses mane on both sides e ao bill orcutt. nenhuma delas particularmente interessante. também nunca fui um grande conversador, creio.

deixo ainda hoje ou amanhã o rescaldo-em-lista deste trimestre. claramente : 2011 >>> 2010

terça-feira, 27 de setembro de 2011

chegadas

já há uns meses tinha deixado um elogio breve a low fired clay escape, mas só agora tive hipótese de me debruçar sobre o disco. timing perfeito, numa altura em que estão a chegar ao out.fest. imperdível.

amanhã ou depois irá aparecer no bodyspace uma entrevista com uma das metades da banda.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

idades

tendo em conta o facto de não ouvi nada deles depois do reveal, seria um tanto ou quanto hipócrita lamentar o fim dos r.e.m.. sem qualquer falta de respeito = para todos os efeitos, foram a banda que me fez verdadeiramente gostar de música (out of time foi a primeira cassete que comprei por opção). e têm discos incríveis. nunca os vi. um top possível :

document
automatic for the people
murmur
fables of the reconstruction
new adventures in hi-fi

e o michael stipe é um dos gajos com mais classe de sempre. mesmo.

futebol feminino

é muito provável que não possa ir a este concerto. mas todos os que estiverem por lisboa (ou nas imediações) deviam ir. embora não tenha ficado deslumbrado com o pouco que ouvi da marisa anderson, a siren blares in an indifferent ocean ainda é um dos 10 melhores discos que ouvi de 2011, depois de todos estes meses.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

a rede

o bodyspace faz antevisão de 10 lançamentos até ao final do ano. blurb meu (bem automático) sobre schlungs dos mungolian jet set.

e um pequena "homenagem" ao danny wolfers. teac life é perfeito para aquelas tarefas nocturnas/madrugadoras*. mas poderá ser muito mais do que isso.

*o que me pôs a pensar no isdn. ideia muito pouco web 2.0. nostalgia gamer com a rádio em fundo? poderia sê-lo, mas nunca dei muito para isso. um setting idêntico, no entanto = aquela fuga ao silêncio circundante com uma projecção humana na distância. isto. ou a memória que tenho dele (faz muito tempo que não o ouço).

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

rodas

abafado pelas jams inconsequentes de make it real e on patrol (o nome tinha tudo para que se tratasse de algo bem melhor) e pela a ascensão dos beats reles da 100% silk, dawnrunner foi um dos discos da nnf mais mal tratados do ano passado. esquecida na enxurrada de lançamentos da editora estava esta pérola (oop) de loner-psych, evocativa dos grandes espaços dos estados unidos profundos numa perspectiva hitchhiker. disco de viagem debaixo de cacimba (sp?). e uma capa perfeita.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

borderline vazio

com todas as suas virtudes e defeitos, bermuda drain acaba por ser o resultado mais visível de uma espécie de linha de raciocínio que comecei por traçar de modo débil e quase-inconsciente aqui. na altura foi como se balizasse esses discos* com recurso a duas referências relativamente herméticas para depois as popular naquele imaginário fértil de música não-alinhada. deixando de lado a letargia dos sound effects per se pelo seu carácter funcional (mais uma necessidade do que um processo em si), é o fantasma do carpenter que assombra tudo isto com descaramento.

levando um pouco mais longe essa premissa, pode-se traçar uma linha que começa na militância reverente (e com pouco interesse) de xander harris/gatekeeper e vai adensado o campo de referências num continuo cada vez mais fractal. não necessariamente o ruído, mas uma crescente "preocupação" com o capture/release do som no seu estado mais volátil e/ou poluído. mesmo que não desemboque numa postura harsh, a via tende para esse fim por natureza. ignorando as estruturas rígidas pós-beat (o sequenciador como espinha dorsal para o facilitismo melódico = ABAB) e concentrando esforços no multitask tonal que privilegia a demanda.

em comum, todo um horror, mais ou menos subliminar, que chegou à estaticidade de homotopy to mary "vindo" do barulho de symphony for a genocide sendo depois revisto à luz do xerox da american tapes/hanson (a reclamar a herança trashy de spk, mas sem o tom contestatário), e é agora igualmente devedor de alguns rehashismos bem prementes do arcaísmo melódico da electrónica pós-dark star (não por acaso, também esta em descendência directa dos tais sound effects)**. ou como se a bso do texas chainsaw massacre (melhor de sempre) encontrasse fascínio nas potencialidades harmónicas de um arp ou prophet. ou seja, a estética slasher enquanto zona cinzenta que vai muito para além da violência gratuita e opressão brute force (que é razão pela qual não tenho o mínimo de paciência merdas de nome impronunciável, ruído impoluto e rasganços industriais) para assumir o abandono*** como o catalisador principal para o medo. cena loner. como de costume.

^^ aproveitando a dica do disco. sem grande espaço para grandes desenvolvimentos. só listagens (se interessarem).

*ouvi-os na mesma altura, por via desta esclarecedora entrevista com o chris madak (bee mask). o que me lembra que ainda não apanhei o elegy for beach friday. replication slave também teria lugar neste raciocínio e, noutro comprimento de onda, tenho gostado muito de tudo aquilo que ouvi de fluxmonkey e quicksails.

**antes de chegar ao cheesy intrigante de goblin.

***o próprio setting de uma realidade suburbana funciona como recusa de toda essa bonomia aparente.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

setembro

algum atraso justificado na rentrée do bodyspace. as segundas servem melhor o propósito de um (re)começo. para já, escritos meus sobre as novas malhas da melanie fiona e da jhene aiko.

em breve, uma opinião um pouco diferente do consenso generalizado em torno de bermuda drain. não é o melhor disco de prurient : black vase e pleasure ground, ftw (mesmo que hoje em dia não sinta grande necessidade de lhes pegar. espero que a memória não me atraiçoe).

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

casa

o bodyspace regressa amanhã com muita vontade. regresso também aqui. notas e apontamentos dispersos tomados ao longo destes dias. gostaria de ter levado este disco para a estrada. também faz todo o sentido num dia cinzento como o de hoje, no entanto.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

da viagem

com todos os preparativos a serem adiados para a véspera, nem houve hipótese de fazer grandes escolhas para a viagem. o conforto daquelas coisas de sempre (para sempre?) acabou por imperar naquela dúzia de cd's. escolhas minhas e (principalmente) da menina :

meat puppets - II
can - ege bamyasi
deerhoof - malhas soltas de vários discos
sonic youth - syr 2
black dice - beaches & canyons
robert wyatt - rock bottom
soft machine - II
sfa - love kraft
palace music - viva last blues
carter family

i.e. nada de beats ou synths = fora da cidade. música de estrada nacional, evidentemente.

sábado, 13 de agosto de 2011

terça-feira, 2 de agosto de 2011

bronzeador

três escolhas minhas e das restantes gentes do bodyspace para este verão. canções. tenho alguns drafts pouco desenvolvidos de algumas hipóteses veraneantes que não chegaram a sedimentar. a deixar aqui. outro dia.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

verão na cidade

'anything (to find you)' até pode soar a uma produção da missy para a jazmine sullivan (que não descarta a personalidade da monica), mas não deixa de ser mais uma óptima parceria entre as duas. com 'who shot ya' a servir de base para um delicioso exercício de r&b bem uplifting que nem o rick ross consegue arruinar, acabam por ser as meninas a conduzir algo que poderia redundar na generalidade para campos bem mais aprazíveis. parece que à semelhança do que aconteceu com 'blackberry', não vai aparecer em new life.

so it goes

com esta crítica ao here i am, dou por terminada esta semi-narrativa. era apenas uma hipótese pouco sustentada. os discos vieram refuta-la e estou bastante bem com isso. nem que fosse pela simples existência de 4.

terça-feira, 26 de julho de 2011

pompa

alguns meses antes das reedições, num passeio de carro com o enorme miguel arsénio ao som do live killers apercebi-me de que existia mais para explorar nos queen do que aquilo que lhes atribuía de modo mais ou menos consciente, mas pouco sustentado. que era, em grande parte (e com todo o carinho que isso acarreta) derivado da audição constante do live at wembley 86 e dos greatest hits na infância, em casa dos meus tios. aproveitando o timing escrevi sobre a descoberta.*

*apesar de ter há uns anos atrás ter ouvido ocasionalmente o queen II e o sheer heart attack, estava tudo demasiado refundido para um entendimento minimamente holístico.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

brainstorm

nem houve uma intenção muito consciente de contrapor estas duas canções. antes uma associação pouco estrita entre algo que deveria desaparecer e uma canção (e disco) que merece reverência (apesar de um início atroz e de umas duas canções sem grande interesse, 'jigsaw', 'naked' ou 'cupid' estão entre as melhores coisas que ouvi este ano).

terça-feira, 19 de julho de 2011

calor

este plano esmoreceu. não é falta de vontade. pouco tempo para a escrita e falta de timing no que respeita à relação entre uma ideia e a sua formalização (i.e. fazer post disso). nada de muito importante.

este livro apareceu-me numa altura em que tenho gravitado com alguma incidência em torno dessa imagética enevoada. já há muito que deveria ter demonstrado o meu amor incondicional pelo hard candy também.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

2/4

usual. contínuo com este :

discos :

part wild horses mane on both sides - low fired clay escape
beyoncé - 4
jhene aiko - sailing soul(s)
gatto fritto - st
dj quik - the book of david
curren$y - weekend at burnie's
joe mcphee & chris corsano - under a double moon
matt carlson - gecko dream level
bj nilsen & stillupsteyppa - big shadow montana
niggas with guitars - ethnic frenzy
sightings - future accidents
v/a - gene hunt presents : chicago dance tracks
krallice - diotima
ulcerate - the destroyer of all
peter evans & nate wooley - high society
andrew chalk - violin by night
diddy dirty money - lovelove vs. hatelove
teairra mari - now or never
e40 - revenue retrievin' : graveyard shift
pedro gomes e sei miguel - turbina anthem
bridget hayden - a siren blares in an indiferent ocean

canções :

purpl pop - the way living graham bond rmx (ill blu dubplate)
benoit & sergio - everyday
screama ft. phe phe - nobody
ob ft. channy angelina - er (fingaprint rmx)
gatto fritto - invisible college
todd terje - snooze 4 love
gang gang dance - mindkilla
ill blu - monsta
andy jay & s-tee - crunk vip
sect ft. ben westbeech - in the park
lloyd - naked
p money & blacks - boo you
kelly rowland ft. lil wayne - motivation
jhene aiko - stranger
desloc piccalo ft. adiah - drumz
timberlee - linja
assassin - love the girl dem
dylan ettinger - lion of judah
com truise - hyperlips

misc :

king - the story ep
aaron dilloway - lip syncing to verme (reed)
charlie nothing - inside / outside (reed)
broken water - peripheral star ep

outros

por muito que a compilação de pérolas secretas de chicago, organizada pelo gene hunt para rush hour (editora = serviço público) seja uma daquelas demandas de valor inclassificável, nunca senti qualquer necessidade de escrever sobre ela, depois deste insight do major para a fact. palavras de quem sabe.

^^ interlúdio premente. enquanto "organizo" o balanço. breve.

fragilidades

só agora, que lhe prestei o mínimo de atenção é que consegui validar de modo mais concreto a existência de absence de snowman. no fundo, veio ocupar a mesma slot mental de saint the fire show, com uma diferença de nove anos a mediar o processo = menor capacidade de deslumbramento. são ambos a swan song também.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

senhora

por todas as evidências (de i am...sasha fierce a 'run the world (girls)') não estava à espera de que 4 fosse um disco tão bom. e isso deixa-me feliz. já 'lay it on me' da kelly é uma malha genérica na linha de coisas como 'lose control' ou 'what's my name'. bastante superior à primeira, mas sem grande utilidade para além de uma certa funcionalidade prazenteira. deitando por terra esta minha hipótese. por agora.

conto deixar aqui amanhã o "balanço" deste segundo trimestre. recap.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

apanhar

celebração do 10º aniversário da clean feed em forma de review colectiva. atirei-me ao discreto concentric.

não havendo nenhum momento tão marcante como 'invisible college' (analogia etérea para as férias), a estreia de gatto fritto reserva, ainda assim, momentos mais do que suficientes para que seja uma constante ao longo destes dias quentes. e se escape para o outono/inverno com elegância. international feel tem-se vindo a tornar uma daquelas editoras a seguir com atenção.

terça-feira, 21 de junho de 2011

inteligência

numa breve conversa com o pedro sousa, motivada pela 'worcester', em torno do esgotamento da IDM e de como o druqks foi um disco refém do seu próprio virtuosismo técnico (comigo a defender a ideia de que era a via para o esvaziamento emocional), acabei por concluir novamente que são, hoje, os anos de ouro da warp (93-98) aqueles a que regresso com mais frequência no campo minado da electrónica mais cerebral (so to speak). o valor residual intrínseco a um período de descoberta marcado por noções sensitivas mais presentes do que a elevada carga processual que editoras como a mille plateaux, a ~scape ou a staubgold incentivavam no seu período mais entusiasmante (98-03). coincidindo com uma warp em piloto automático, em torno de derivações no eixo afx/autechre/boc. só para deixar aqui uma lista, pouco exaustiva e em ordem cronológica, dos melhores momentos da editora britânica. limpar o pó às batidas :

lfo - frequencies - 1991
black dog - bytes - 1993
sabres of paradise - haunted dancehall - 1994
aphex twin - selected ambient works II - 1994
autechre - tri repetae ++ - 1995
b12- time tourist - 1996
aphex twin - richard d. james album - 1996
broadcast - work and non work - 1997
squarepusher - music is rotted one note - 1998
boards of canada - music has the right to children - 1998
autechre - confield - 2001
boards of canada - geogaddi - 2002

^^assim de cabeça. e sem muita paciência para pesquisa no catálogo.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

público

não faço ideia se o wiley estará minimamente ciente do suposto reavivar do eskibeat, mas acaba por existir toda uma certa "justiça poética" quando a edição de 100% publishing coincide com o mesmo espaço temporal. não que existam quaisquer referências directas à rarefacção gélida de riddims primordiais como 'eskimo' ou 'ice rink', apesar de pairar sobre o disco um sentimento de continuidade para com playtime is over ou da 2nd phaze, mas depois do cul de sac estratégico em que ele se tinha encerrado, 100% publishing consegue (numa primeira audição) surpreender pela positiva. o que, neste caso, é pouco mais do que uma meia dúzia de canções mais-do-que-decentes, alinhadas com momentos embaraçosos. o suficiente para superar grimewave (nunca ouvi o race against time) sem ter nada tão essencial como 'if you're going out, i'm going out too'. ou o arrependimento por esta conclusão precipitada (?) por daqui a uma semana.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

festão

por norma, não uso este espaço para fazer publicidade, mas neste caso acho que até se justifica. de certo modo, esta festa acaba por ser uma extensão daquilo que vou postando por aqui, com o acréscimo de andarem também por lá mais uns gajos da casa. e duas óptimas bandas a abrilhantar a coisa. podendo...:



quarta-feira, 15 de junho de 2011

manhãs

uma vez que este blog acaba por passar por demasiados períodos de entorpecimento quando até poderia/deveria servir para um despejo mental mais regular, é provável que venham a aparecer com maior frequência pequenas notas e vídeos. por um lado poderá causar maior ruído, mas por outro sempre lhe confere algum tipo de dinâmica que pode até funcionar como reminder pessoal para uma ou outra coisa. tipo, pré-tumblr mas com o reconhecimento dessa existência.

esta manhã o galactic melt de com truise está-me a parecer bem melhor do que a impressão vaga que me deixou o cyanide sisters há um ano atrás. poderá ser por ter passado a noite embrenhado na miami vice collection do jan hammer, criando uma espécie de mindframe completamente permeável ao filtro da warp dos primeiros anos (com lapsos temporais até à nostalgia de music has the right for children), com aquela sensibilidade muito pós-moderna do agora. que é ao que isto me soa.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

mbdm

city of straw tinha sido um bom disco ('tar and pine' é quase clássica), mas future accidents é superior. é uma daquelas bandas que facilmente me leva à hipérbole, mas não ando longe da verdade quando digo que são a melhor banda do mundo.

cogumelo

quando pensava que já tinha dado mais do que suficiente para o peditório da west coast psychedelia, uma conversa com o felizardo em torno do no other do gene clark (o mais lindo e mal amado (na altura) dos documentos sobre a queda inevitável de um intangível la lifestyle) fez-me repescar algumas coisas que estavam entranhadas no meu cérebro sob uma aura loner que faz, hoje, muito mais sentido para mim do que o noodling eterno dos grateful dead ou kak (fico-me pela cena mais mellow destes) ou do technicolor de uns strawberry alarm clock e the west coast pop art experimental band*.

nesse mesmo contínuo temporal (e não geográfico), redescobrir o experiment in metaphysics do perry leopold sem o filtro psych que permeava tudo aquilo que ouvia há uns anos atrás (quando andava mais embrenhado nestas coisas) fez-me olhar para o disco de um modo mais objectivo como o pinnacle dessa noção meio difusa. que acabou por ter nesta descoberta vinda de detroit (por onde tinha andado este disco toda a minha vida?) mais um daqueles exemplos gloriosos de um estado mental que não sei bem clarificar, mas capaz de albergar sem grande pudor formal a 'golden hair', o oar, ou o david crosby mais contemplativo. só para regressar a la depois desta derivação inconsequente.

*cena subpar que amontoava filler derivativo em torno de 3 ou 4 canções entre o bom e o decente para fazer disso um disco. acho que os ingleses sempre se safaram melhor no que diz respeito à studio trickery como instrumento.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

notas para 'a new way to pay old debts'

o meu texto a a new way to pay old debts no bodyspace foi um dos exercícios de escrita mais desafiantes/gratificantes a que me propus. não só pelo peso incomensurável desse disco, como pelas noções do instrumento guitarra que foram sendo alvo de debate interno e que, pela sua dispersão, não poderiam ser incluídas na resenha. tal como tinha referido em fevereiro, deixo aqui algumas notas adjacentes ao original :

"Os miúdos sonham com ela ao ponto do air guitar ao som de “Wrathchild” causar acidentes domésticos mais ou menos graves"

^^ episódio caricato que teve como protagonistas os (ainda adolescentes) chris barnes e jack owen dos cannibal corpse e que serve na perfeição para ilustrar todo um entusiasmo febril. é também ponte para uma subtil mas obrigatória referência ao metal. curiosamente, para um género tão dado a acrobacias pelo instrumento, os dois nomes mais consensuais (iron maiden e metallica, claro) foram, em parte (era cliff burton), conduzidos até ao RIFF pelo baixo.

"Do fuzz primordial conquista o drone e os ecos de Loveless perduram até hoje em formas cada vez mais voláteis."

^^ que tanto se podem encontrar em toda a realidade subpar que se formou após endless summer ter-lhe dado novas coordenadas (quer a nível formal (processamento digital) quer de ressonância emocional), como no turbilhão de uns hototogisu, esticando a corda para um plano claramente mais abstracto e que faz do noise um poço inescapável. keiji haino como deus de tudo isto. sem falar numa descendência mais directa, e que hoje acho praticamente irrelevante.

"
Vitimada pelo reverb plastificado"

^^ existirá alguém com o mínimo de bom senso que possa de consciência tranquila elogiar o pat metheny depois de atrocidades como esta? e eu até tenho algum carinho difuso para com o reverb abusivo (80's memoir) de malhas como, sei lá, 'boys of summer' ou 'eyes without a face'. mais aí existe toda uma intangibilidade que é perpetuada nesse som. um contexto imagético, so to speak...

"
relembrar o seu uso num género tão “aberto” como o jazz é cingir a ideia a pouco mais do que Sonny Sharrock, Sonny Greenwhich e algum Fred Frith, confinada que está a um academismo de sofisticação bacoca"

^^ ou como a guitarra é o instrumento mais mal tratado de sempre no género. talvez o joe morris possa ser uma excepção a esta maleita, mas não sou conhecedor o suficiente para o poder afirmar com veemência. four improvisations é grande disco. deixei também, conscientemente, de lado o james 'blood' ulmer e o masayuki takaynagi : o primeiro por habitar num campo que foge demasiadas vezes ao género para se acercar de tonalidades mais bluesy/funk (apesar das ligações ao ornette, e de coisas tão boas como black rock); o segundo por me ser mais querido quando alimenta uma combustão mais própria do noise (e que teria eco nos hijokaidan, por exemplo) do que da high energy. sei também que existirão muitas coisas boas na obra do elliot sharp (disco com o christian marclay é um desses) mas, para todo o efeito, perdura no meu cérebro como um hit and miss que ainda não me dediquei a explorar.

"Son House, Mississipi Fred McDowell ou Lightnin' Hopkins que enformam grande parte dos avanços que o instrumento tem vindo a conhecer nos últimos anos."

^^ todo o rock passa por aqui, na verdade (como se isso não fosse já mais do que sabido). recuando para apanhar alguns guitar heroes, já o tommy iommi dizia que os black sabbath eram uma banda de blues negro (a cor, entenda-se. black blues só para pegar no haino novamente). peter green, é em toda a sua essência um bluesman.

"
Ekehard Ehlers reverente de A Life Without Fear"

^^ tratado de como a electrónica pode servir para perpetuar aquilo que nasce da pureza. é disco fascinante na sua capacidade de adaptar a metodologia de corte e colagem de algum glitch a um estado de alma ressonante para com toda a grittyness dessas gravações ancestrais.

"
à programação informática"

^^ constatar que é este o emprego do bill orcutt parece quase paradoxal para com aquilo que se ouve em a new way to pay old debts (ou até mesmo no escarcéu dos harry pussy.
in an emergency you can shit on a puerto rican whore é obrigatório).

"
Derek Bailey"

^^ é inevitável. sempre.

"
Cecil Taylor"

^^ o ataque percutivo às cordas só encontra paralelo nos momentos mais feéricos do cecil. o concerto dele com o tony oxley no ccb foi uma daquelas porradas inesquecíveis e irrepetíveis.

talvez venha a ser um work in progress. talvez não. algumas ideias dispersas, apenas.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

dois

foi há quase três anos que o pedro me falou em surdina sobre a honra equal parts desafio (ou assim me recordo) que foi tocar, pela primeira vez, com o sei miguel. há cerca de um ano atrás, antes de um maravilhoso concerto a solo (com sentida homenagem ao jack rose), numa botica do barreiro (major respect) e por entre conversa sobre um pior momento de forma do aimar (outro dos grandes) surgiu de modo mais declarado a revelação, sem pressas, de que esse encontro tinha já tomado a forma de um disco que se encontrava (na altura) à procura do poiso certo. saiu agora e chama-se turbina anthem.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

classe

acho que teria sido mais acertado apontar justice ou simian mobile disco* (para o efeito, os boys noize também resultavam, mas não me lembro de nenhuma canção deles) em vez da global bass no eixo imaginário que tracei aqui. num mindset semelhante e para quem estiver interessado, a mix dos soul clap para a resident advisory do ano passado é (também) passagem obrigatória.

*ouvir hoje a 'we are your friends' chega a ser exasperante.

e não. não gostei do space is only noise.

terça-feira, 17 de maio de 2011

conhecidas

uma destas duas canções é muito boa. a outra não.

bottom line, é óbvio prefiro que esta j-lo a este desastre. nuff said.

ninho

aparentemente, AIA não deixa de transparecer aquela ideia de ser uma tentativa da liz harris de conceptualizar em demasia, mas o mais provável é que seja apenas uma necessidade premente de deixar respirar gravações adormecidas ao longo destes 3 anos (entremeados por splits e hold/sick), desde que dragging a dead deer up a hill fez dela um household name seguro. é apenas grouper no seu modo habitual e escorreito. como suposto e com toda a amabilidade que esse conforto possa implicar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

circa #2

já o "sabia" de antemão (impulsionado pelo reconhecimento, algo tardio, do rarefeito bataille de battle e com poisson a servir como indicador meramente formal), e esse julgamento prévio/estúpido é determinante para o confirmar, mas o low fired clay escape de part wild horses mane on both sides tornou-se, sem reservas, no melhor disco que ouvi este ano, até agora. veio-me também parar às mãos numa altura em que ando a ouvir as bso's do stalker e do zerkalo pelo eduard artemiev*, o que acabou por o inserir num mindframe ambiental mais semelhante do que a a descrição "taking the cherry/blackwell duets and relocating them upwind of the alien soundtracks generated by japan’s taj mahal travellers" me faria supor. mesmo que, desta vez, a tendência über-hiperbólica do keenan tenha alguma razão de ser. encontro razões para o entusiasmo.

num mesmo contínuo, the wax heel de chora (espécie de agregado de algumas das figuras chave da cena improvisada de sheffield) constituiu o preâmbulo adequado para me aperceber definitivamente (slates era um bom indício) que a cidade respira uma boa onda comunal que vale a pena escavar com atenção, apesar da tendência ocasional para aquela onda "espiritual = malta a bater em coisas" que fizeram dos nnck um caso tão pointless como essencial. não propriamente off-the-radar e com uma identidade algo reconhecível. o que, em termos contextuais e com interesse comedido, já tinha acontecido há uns 3/4 anos atrás por via das bandas da (actualmente letárgica) frequency 13. e sem referenciar um passado à sombra dos cabaret voltaire ou human league.

*no momento em que escrevo isto, o clima está em modo tarkovsky, btw.

terça-feira, 10 de maio de 2011

black metal ist...?

pensamentos cíclicos em torno do black metal (enfrentando a sazonalidade do ouvir) levam-me a magicar mais conjecturas do que a passá-las, efectivamente, para escrita. este blog poderia/deveria servir para isso mesmo, mas acabo sempre por me refrear na ausência de linhas mestras para que possam ter algum sentido. dos dois documentários que vi recentemente sobre os mayhem, o once upon a time in norway ganha pontos por uma visão mais sociológica e menos auto-centrada do que o (auto-produzido) pure fucking mayhem. mesmo que açambarque apenas o período polémico da banda (1986-93. ou aquele que mais interessa), consegue fazê-lo de um modo menos sensacionalista do que aquilo que se pôde ler no mítico lords of chaos. fez-me também perceber que gosto mais deles do que supunha. e dar-me o mínimo de disposição para ouvir o ordo ad chaos.

saltando para 2011, estão-se a replicar os dois anos anteriores a seu ritmo. aesthethica tem feito escorrer tinta o suficiente para que se fale no género (mesmo que de forma quase tangencial), mas está longe de superar, ou mesmo confirmar aquilo que fez de renihilation um dos meus discos favoritos dos últimos tempos. na ausência de ideias mais cortantes, podem ler aqui o que achei sobre o disco. em breve vou também debruçar-me sobre diotima dos krallice.

ainda no plano de um hipotético crossover, o álbum de estreia dos defheaven deve reunir todas as condições para tal, tendo em conta o que ouvi deles. mais pela acessibilidade do que pela ruptura, acaba por se enquadrar naquele campo referencial onde tácticas do pós-rock por via de algum hardcore* coabitam com o black metal, num contínuo com os significantes que mounds of ash dos castevet acabou por reiterar com a coolness necessária para se distanciar do espectro nekro**. inevitavelmente, encontra-se aqui uma via apetecível que fará tanto sentido como a tendência pós-hydrahead circa 2002/3 se instalou definitivamente num campo lexical previsível (alguns chamam-lhe post-metal). teoricamente, trata-se de uma solução pouco entusiasmante: apesar de mounds of ash e gin dos cobalt terem atingido bons resultados (e deixando o deserto dos horseback de lado), acaba por se deleitar com uma linha condutora previsível, alimentada pelas premissas regulamentadas em oceanic como fundamento para aquilo que deveria ser apenas matéria residual e com a vulnerabilidade do shoegazing a amenizar o processo***. nada contra. nada a favor.

* toda a tensão de spiderland surgiu num contínuo com este som de louisville. o que me lembra que isto poderia ter sido brilhante.

** para um menor distanciamento contextual, os agalloch ou o recente mammal dos altar of plagues conseguem resolver as suas epopeias sem recorrer a um rehash prematuro. entre uma abundância de alternativas que podem ir dos boss-de-nage aos caina, sem chegar a deathspell omega.

*** alcest enquanto statement formal de uma hazyness que se instalou com serenidade depois de filosofem ter deixando patente essa ideia enquanto matéria volátil (o drone).

quarta-feira, 27 de abril de 2011

identidade

não deixo de sentir uma certa pena por isto não ser dos ill blu. até porque na versão oficial existe uma voz feminina que não tem qualquer interesse. a inspiração no duo londrino é mais do que evidente, e é o dubplate que têm utilizado em sets recentes que faz dela o maior banger de 2011*, até agora (será difícil supera-la), com 'toilet blocker' no encalço. pelo que se lhes pode sempre agradecer o feito*. sem complacência.

*como se fossem necessárias mais razões para a reverência.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

circa

tenho andado a descurar discos mais far-out (para não entrar em espirais de catalogação) neste espaço. a ver se vou colmatando essa lacuna com algumas coisas que me têm deixado minimamente desperto nos últimos tempos. como duas fitas recentes no último batch da gift tapes que remexem no legado improvável que se tem vindo a sentir do john carpenter e dos sound effects do alan howarth de um modo menos gratuitamente reverencial e mais intrincado do que urban gothic do xander harris ou gatekeeper dispuseram:

survival de spare death icon assenta no minimalismo melódico de halloween/christine como via para a simulação de um não-acontecimento tenso, sem a necessidade do confronto directo com o medo. o terror subliminar sequenciado em torno de uma melodia dorsal (como foi também o efeito tubular bells) reflectido na pulsação de um beat que só vem adensar ainda mais o impacto desse mesmo vazio, sem escancarar para a faux-grandiosidade. música stalker que dispensa a criação de um setting adequado para se projectar em qualquer situação de apatia loner.

gecko dream level do matt carlson recria a library music electrónica dos anos 50, ora através dos filtros mais refractados da hanson/american tapes sem evocar a estética harsh destas em 'victory for the overlord' e 'matrix of contingencies', ora recorrendo a uma abstracção lúdica proto-idm de bird calls e esguichos sintéticos. monumental avacalhanço harmónico que faz obra final desse mesmo jogo de espelhos irresoluto. sem fazer disso um statement estilístico e ignorando o esforço formal que uma maior austeridade exige.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

fartar

partindo destas premissas, debrucei-me de modo mais incisivo sobre os discos do frank ocean e weeknd. não procurei que fosse conclusivo, antes (mais) uma think piece* sob a forma de crítica que cristalizasse de um modo, mais ou menos coerente, aquilo que é o "agora" de algo indefinível (para já). muito fumo por tão pouco, com uma certa pomposidade que seria desnecessária dada a mediania generalizada dos discos. uma tentativa de contextualização pessoal. perdoe-se o umbiguismo/pretensão de tudo isso, e estão lá montes de referências a tentar justificar o que escrevi.

*como se tal fosse necessário, depois deste texto do tom ewing.

em havendo boa vontade/tempo, até seria capaz de deixar aqui uma compilação com malhas de r'n'b que de algum modo se aproximassem da hazyness marca d'água dos weeknd. for y'all indie kids out there.

terça-feira, 12 de abril de 2011

alinhamentos

finalmente. horas de flow :

ill blu mistajam guest mix 08-02-11

ou como conseguir esta sucessão de bangers em menos de meia hora? essencial.

marcus nasty singalong special 30-03-11

durante estes meses o site da rinse andava sempre bastante periclitante. factor relevante para que tenha ouvido menos sets de gente como ill blu, funkystepz e, principalmente do marcus nasty. o programa de dia 23 de março teve um momento absolutamente incrível com o shantie e o rankin sobre a 'toilet blocker', mas o primeiro grande set deste ano é este assomo dedicado a malhas vocais. equilíbrio perfeito entre clássicos recentes ('give it up to me', 'you got that something', 'i feel') e novidades ('feel nice, feel right' e 'playground' são incríveis), nem precisa de recorrer a uma dinâmica bangers + diva anthems para se fazer valer. a selecção é argumento mais do que suficiente.

dj reflex funky vol. 6

com o silêncio a que se remeteu o faze, as funky mix's do reflex acabam por ser a via mais óbvia para o diletante com um mínimo de interesse na uk funky sem disposição para a rádio. keep up minimamente fidedigno sem desvios estilísticos. com o bónus de trazer também o óptimo female touch ep da miss fire, a torná-la ainda mais obrigatória.

ossie sonic router mix 73

'tarantula' começa a aparecer com frequência um pouco por todo o lado. nesta mix/entrevista para o sonic router, o ossie mostra uma faceta mais etérea/sonhadora que permite alinhar a deep-house com a uk funky mais subdued num espectro coerente. late night listenin' perfeito para este calor. ou finais de tarde com martini.

endless house foundation fact mix 223

synths, synths, synths. das revisões da dramatic records (casa mãe deste colectivo onde pontificam nomes como rasmus folk ou klaus pinter. endless house é peça fundamental) até à lauren spiegl, com passagens por amon duul II, caretaker ou pauline oliveros. décadas de electrónica sob a asa de um statement tão assertivo quanto intrigante.

blawan fact mix 230

os beats duros que foram imagem de marca em 'bohla' tomam as mais diversas direcções com vista ao lado mais físico da dança. sem cair no cabotinismo bovino do dubstep. antes uma súmula do ritmo primordial (em que o techno marca presença tutelar) em razias com um lado ácido que faz da TB-303 uma arma de arremesso.

russell haswell fact mix 236

john wiese, lasse marhaug, russell haswell. deixando de lado o kevin drumm pelas suas movimentações mais recentes (sheer hellish miasma é o melhor disco noise desta década. ditto) e o aaron dilloway por uma questão de conforto, são estes os nomes que mais interessam no mundo do ruído. em breve vou poder ouvir in it (immersive live salvage), mas tenho a certeza de que rende. ah, e esta mix tem lalo schifrin, autechre ou new order. seria notável, nem que fosse apenas pelo descaramento, mas existe mais. e a entrevista é para ler.

nuguzunguzu the perfetc lullaby


já a tinha mencionado anteriormente, mas aqui está de novo. não fosse ter escapado.

no caso de alguma delas já não se encontrar online (estou em crer que possa acontecer com as mix's da fact. não testei), podem sempre pedir-me pelo upload. posso também orientar algumas tracklists. que não postei para não deixar o post demasiado grande.

escritas em breve. algumas considerações brandas sobre a música pop e o modo como é ouvida, e a minha opinião sobre as estreias de weeknd e frank ocean.

quinta-feira, 31 de março de 2011

1/4

uma vez que 2011 está a ser bastante fértil em registos de valor, preferi separar os discos das canções, para não tornar a listagem muito densa. fica apenas aquilo que verdadeiramente interessa, deixando de lado álbuns (bardo pond, you stand uncertain ou belus) e canções ('move', 'wade in' ou 'french (toro y moi rmx)') que apesar de alguma premência, não necessitarei de ouvir muito mais vezes. a ordem é, como sempre, irrelevante :

discos :

virgo four - resurrection
soul clap vs wolf + lamb - dj kicks!
group ongaku - music of group ongaku (1960-61)
hype williams - one nation
endless house foundation - endless house
kandi - kandi koated
katy b - on a mission
steffi - yours and mine
moon wiring club - a spare tabby at the cat's wedding
elephant thai orchestra - water music
dan melchior - assemblage blues
g-side - the one...cohesive
keke palmer - awaken
mamaleek - kurdaitcha

canções :

wretch 32 - traktor (mike delinquent project rmx)
chasing voices - ex nihilo nihil fit
tyler, the creator - yonkers
lady chann - treble to your bass (marcus nasty rmx)

mamaleek - the hypocrite & the concubine
virgo four - let the music play
tok ft. sleepy hallowtips - heroin needle
hype williams - rise up
dj eastwood - toilet blocker
durrty goodz - oi what u lookin' at?
main attrakionz - new world
rudimental ft. shantie - deep in the valley
falty dl - you stand uncertain
destroyer - the laziest river
mavado - tump
hyetal - diamond islands
mr. lucci ft. bohagon & twista - bout gone
bubble club - goddess
fuzzy logic ft. myshy - playground

misc. :

ill blu - meltdown ep
va - cloud rap
miss fire - the female touch ep
blawan - bohla ep
ssps (jon_nicholson) - live on wfmu
queen - queen II / sheer heart attack (reed.)

ainda não tive tempo para escolher os sets/mix's essenciais de 2011, como tinha referido no post anterior. será em breve.

quarta-feira, 30 de março de 2011

adenda #2

tendo em conta o modo tangencial como ouvi house of balloons, não duvido que o tom ewing tenha sido preciso (otm tem sempre mais impacto) neste texto no guardian. ainda a calcorrear no mesmo tópico, mas a aproveitar a oportunidade para deixar aqui finalmente (ainda não o tinha feito por esquecimento) o link para esta mix de nguzunguzu que é, até agora, a melhor coisa que ouvi em 2011. num ano que está a ter um início bastante prolífero nesse campeonato, com sets brilhantes a virem um pouco de e para todo o lado, eleva-se pela determinação do duo em recriar aquilo que reverencia sem enviesar pelo ascetismo/oportunismo (diplo?).

conto amanhã deixar aqui alguns links para alguns desses sets. para já, abandono silenciosamente a temática do "true r'n'b vs. false r'n'b". existe por aí muito material para quem quer acompanhar o rumo dos acontecimentos.

adenda #1

aquilo que expus de forma bastante vaga no post anterior pode muito bem ser interpretado como aquele meio termo politicamente correcto e, por conseguinte, inócuo/irresoluto. em verdade, é falta de paciência para com este irritante posicionamento crítico unilateral, recorrendo a uma contextualização que vá de encontro a algo*. e imune a guerras pelo bom gosto unívoco (comparar pilas). mas todos nós temos os nossos cavalos de batalha. e tudo isto acaba por ser apenas ruído. da minha parte aceito o termo lacónico.

*por isto entenda-se a capacidade de sustentar uma opinião sem ter de recorrer à depreciação de tudo o resto. perda de tempo, creio.

^^nada de novo ou relevante. siga.

trincheiras

até compreendo alguma da amargura do alex mcpherson perante o modo displicente como o r'n'b é tratado em muita da imprensa musical, mas as tentativas para o validar recorrendo a ataques inusitados a tudo o que seja remotamente indie-friendly (entenda-se o eixo pfork/gvsb/etc.) acaba por levar esta "demanda" (contra inimigos invisíveis. quem mesmo?) para o campo do ressabianço idiota/infantil. desta feita, em resposta a este artigo do sean fennessey na village voice, escreve que "last week, the music press was abuzz with R&B talk – and, as often seems to be the way with indie-leaning critics, getting it embarrassingly wrong". não deixa de ter o seu fundo de verdade, mas é um um discurso cada vez mais estafado (o pedantismo de algo como "only a fool could think the Weeknd the most exciting thing to happen to R&B in 2011" já é norma), que não ajuda em nada a clarividência de tudo o resto.

o paradoxo entre a defesa populista com recurso à criação de nichos.

sem querer tomar partidos, também não posso concordar com "two days ago, r&b changed again", pelas mesmas razões. como se os avanços de um género tivessem de emergir de um subterfúgio (aparentemente) pouco preocupado com o reconhecimento popular. fundamentando as suas premissas numa suposta genuinidade musical que, pela intransigência, não pede meças à escrita de uma canção. errado*. a ideia do "r'n'b para quem não gosta de r'n'b" (extensível a todos os géneros, obviamente) está escancarada em "this is rhythm and blues by or for hipsters. which is sort of true, but only in the way it's been presented". mas, também a anticon fez de algo similar o seu statement e rapidamente caiu num vazio conceptual.

a exaltação do desconhecido alienando a influência popular.

seria interessante que a discussão em torno destas questões se revisse mais pelo meio termo habitado pelo frank ocean. que apesar de escolhas tão discutíveis como coldplay ou mgmt em nostalgia, ultra, não deixa de ser um gajo do gang odd future que escreve para a beyoncé. em fundo, house of balloons está-me a parecer um disco perfeitamente aceitável. as texturas de teclados nem estão muito distantes de uma versão enevoada de algo como 'doorbell' e algures ouvi um falsete que parecia do serani. conto debruçar-me sobre os dois discos brevemente.

*e eu não tenho quaisquer problemas com tendências avant-garde ou o quer que seja. estaria a ir de encontro ao meu próprio processo de imersão no género. foi das páginas da wire com a missy (coadjuvada pelos anos de ouro da def jux) que cheguei até kandi koated.

finais

depois de tanta especulação da minha parte, on a mission acabou por cumprir algo mais do que os requisitos mínimos. acabei por me alongar demasiado nesta resenha, numa tentativa (infrutífera?) de alinhar ideias que foram latejando ao longo destes meses. talvez tenha sido o tempo que despendi nele que veio a deixar alguns dead ends pelo caminho, sob pena de cair numa espiral irresoluta. em havendo paciência, apenas.

serviu também como reminder de que eye candy devia ser ouvido muito mais vezes. consegui também ouvir a 'unfinished sympathy' até ao final. o que é óptimo, tendo em conta as inúmeras vezes em que a ouvi em contextos insuportáveis.


quinta-feira, 17 de março de 2011

discos

tendo em conta a existência da 'phoenix', o único defeito a apontar a 'diamond islands' será o facto de compartilhar com esta um template sónico similar. o que acaba por nem ser um problema, quando é inegável que estes trejeitos do músico de bristol são marca de uma identidade vincada e que 'diamond islands' é, de facto, uma grande canção (mesmo). neste momento, é sobre broadcast que deposito as minhas maiores expectativas para 2011*.

o que não implica superar resurrection. que além de se tratar do melhor álbum que ouvi de 2011 até agora, serve como lembrete de que existe todo um mundo na house de chicago que devia explorar melhor.

*que em 2010 estavam com o álbum de estreia da katy b. neste momento, e depois de 'broken record' já caiu por terra grande parte da esperança que tinha para on a mission. a remix funky do geeneus (não ouvi as restantes) ainda lhe confere alguma dignidade, mas no original este último single é um sofrível objecto que tenta colar de modo gratuitamente exuberante uma canção com recurso ao manancial rítmico/harmónico de tudo aquilo que pode ser considerado rave. apesar de nenhum dos avanços anteriores ter chegado minimamente perto do brilhantismo da 'as i', acabavam por ser suficientemente aprazíveis enquanto passadeira das tendências dançáveis em solo britânico sob a forma de canção: 'katy on a mission' foi um statement dubstep e 'louder' de uma simpatia electro-pop que se aceita. ligeiramente superior, 'light's on' parecia-me melhor em sets do que nesta versão final (onde o pitch parece ter sido desacelerado). apesar deste arsenal sónico pouco entusiasmante/coerente, ela consegue manter uma identidade, pelo que as dúvidas persistem. até 4 de abril.

quarta-feira, 16 de março de 2011

ordem #2

já que a abordei, deixo aqui também esta remistura para a 'pow 2011'. curiosamente, e quando esperava um aproveitamento do lado mais festivo pelas ligações do roska à uk funky (mesmo que pela via mais "cerebral"), acabou por suceder o inverso, com esta versão a evocar a frieza de produções iniciais do wiley como o 'ice rink'. no mesmo plano temporal simbólico da original, mas pouco pertinente dada a falta de argumentos sónicos que lhe assegurem alguma valência para além da memória.



ordem

no final do ano passado já tinha havido revisitação da 'pow' com direito a celebração grime de vistas largas. desta feita, a palavra de ordem é 'move', numa tendência similar que regressa ao ponto de equilíbrio oscilante entre comunhão e repulsa que fazia do género algo tão entusiasmante circa 2002. não sendo muito mais do que um exercício nostálgico divertido, não deixa de ser bem vindo, tendo em conta a indecisão que paira sobre a sua capacidade de sobrevivência.

terça-feira, 15 de março de 2011

derreter

não assumem a repetição de modo tão forçoso como os lungfish, mas existe uma previsibilidade nos bardo pond que é já imagem de marca. sempre sob o signo do psicadelismo. sempre recomendável. mesmo que a paciência nem sempre chegue para regressar a bardo pond com frequência, mantenho a ideia de que se trata de uma banda do caralho. pois.



quinta-feira, 3 de março de 2011

reggae


condensado as ideias formadas em imaginary falcons, o novo disco dos peaking lights consegue ser suficientemente entusiasmante sem forçar canções. é uma indecisão para o qual não costumo ter muita paciência, mas neste caso, a ausência de embustes estilísticos faz com que ideias interessantes não se percam por completo. aqui podem saber melhor as razões para isso.