quarta-feira, 30 de junho de 2010

eterno retorno

mais do que seria suposto ou previsível, os boards of canada têm sido uma companhia constante por aqui. talvez seja dos ares de verão em contacto com partículas do cérebro dedicadas a estados nostálgicos. ou o efeito pernicioso da apatia domingueira a escorrer pela semana e a resgatar memórias difusas. debalde tentaria explicar, mas 'bocuma' poderia tocar o resto da vida. hoje.

amanhã deixo alguns momentos destes últimos 3 meses.

terça-feira, 22 de junho de 2010

filão

se este espaço tem estado num regime de quase exclusividade para com a uk funky, é apenas reflexo de que quase todo o meu tempo de audição tem sido dedicado ao género. com excepções pontuais em bee mask, sandy bull, lil b e uma cidade abafada que ecoa no meu terraço .estes dois discos nem têm tomado grande parte do meu tempo, mas a sua relevância é indiscutível. a premência da escrita assenta nesse mesmo pressuposto. por muito pouca justiça que lhes faça.


segunda-feira, 14 de junho de 2010

partes

'cause honey at the end of the day
our love is slowly drifting away

is hurting and is painful to watch

so why can't we be...

^^em certa medida, é a ponte de sofrimento resignado que faz da remix da 'better off as friends' uma das melhores coisas que ouvi este ano. enquanto no conforto da original, este momento é apenas uma sequência lógica do refrão sem grande impacto, a paragem abrupta para a entrada daqueles sintetizadores agrestes na versão do lil silva acaba por se assumir como o vórtice estrutural de tudo o resto*. é como se invertesse a lógica de uma canção intuitivamente dançável, sabotando as intenções rítmicas frenéticas no momento em que se acumula toda a tensão, para a libertar subitamente num sopro (constatar a inevitabilidade). a voz refracta-se como se recriando o destruir dessa relação que não pode subsistir para além de uma amizade que se afigura impossível. o "la la la..." é o adeus. arrepiar caminho.

*hi-tech minucioso de labor apaixonado.

sábado, 12 de junho de 2010

achega

na verdade, 'stupid' poderá nem ser vista como uma malha uk funky per se. o que dada a abrangência do termo* nem significa grande coisa. a taxonomia não é para aqui chamada. as possibilidades inúmeras.

*um espectro capaz de abraçar de igual modo o frenesim da rmx do lil silva para 'better off as friends' e o não acontecimento misterioso da 'get out' (pegando em dois exemplos recentes). ou o caso do dennis ferrer (ainda gosto de pensar nisto como o ponto zero).


sexta-feira, 11 de junho de 2010

união

servisse 'stupid' de referência, e não seria descabido pensar que a porta de entrada da uk funky num espectro mais abrangente de reconhecimento passaria pela sua faceta mais agressiva. é algo surpreendente que esta nova encarnação do dj clipz sob o pseudónimo de redlight seja vista como a next big thing quando o lado supostamente mais apelativo (comercial? ugh) da cena tem falhado constantemente a exposição mediática. talvez resida nesse limbo entre tensão e hipnose o seu apelo, capaz de resposta de malta do dubstep, saudosistas da glória jungle/d'n'b (o legado do clipz) e o mulherio da house em igual medida.

sem enverdar pela tendência female mc de tiques dancehall de malhas como a 'eye too fast' ou 'pull it, wheel it', 'stupid' surge num contínuo com a 'i wish' ou a 'kiss you' por contrastar o instrumental com a candura da voz. aqui, a roses gabor aparece como elemento galvanizador, despida de maior impacto emocional, mas enfatizando o chamamento (em termos líricos, é disso que trata). a linha de baixo muito d'n'b em câmara lenta ecoa algumas produções uk garage do sticky, sem grandes apetrechos melódicos, insistindo em sons rasteiros de percussão e outros mais ou menos alienígenas. é um daquelas canções-fluxo, com a estrutura funcional da música de dança a impor-se na medida em que o refrão representa o momento de libertação (braços no ar, etc.). tudo isso resulta bem. muito bem, mesmo.